Amor antigo
Ao amor antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
Oi Rose,
ResponderExcluirBoa escolha e que rosa maravilhosa! Aqui em casa tenho umas rosas cor de rosa...
bjs
Rose, deslubrante... Drumond... sempre Drumond.
ResponderExcluirBeijo no coração
Olá amiga Rose, uma grande poema ainda mais sendo desse grande escritor.
ResponderExcluirOi amiga!
ResponderExcluirLindo poema,bela escolha!!!! e quem não teve ou as vezes não lembra de um antigo amor?!!rsrs*
Um GRANDE abraço,Kacal.
Olá Nakamura.
ResponderExcluirGrande Drummond.
O amor antigo é o verdadeiro e único amor, mas nem sempre ele é recíproco, isso porque o amor não é recíproco, ele pode ser solitário, triste , como Drummond, no final de sua vida, dedicando seu amor a sua poesia.
BJs
Rosa e amor combinação perfeita.
ResponderExcluirAbraços forte
Olá Rosemeire. Ontem, pensava como Drummond, hoje, penso como o Pe. Antonio Vieira. Paz e sucesso pra você.
ResponderExcluirTudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo à colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino: porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê que não via; e faz-lhes crescer as asas com que voa e foge. A razão natural de toda essa diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar e ter amado muito, de amar a menos
Sermões. São Paulo, Ed. Das Américas. V. 5, p. 169-70.